sábado, 1 de novembro de 2008

  • Saúde Mental e Religiosidade no Idoso


    1. Introdução
    Ë cabível iniciarmos nosso estudo direcionando a uma questão a como um indivíduo que segue por mudanças drásticas aos longos dos anos, vindo em nossa mentes a seguinte questão: quantos anos tem um idoso?
    Townsend (2002) relata-nos que nossos ancestrais pré-históricos provavelmente tiveram um período de vida de 40 anos, com uma taxa média de vida em torno de 18 anos. Conforme a civilização se desenvolveu, as taxas de mortalidade permaneceram elevadas, como resultado de fome periódica e freqüente desnutrição. Desde aquele período, os suprimentos alimentares assegurados, as mudanças na produção de alimentos, as melhores condições de habitação e as instituições clínicas e sanitárias mais progressistas contribuíram para o crescimento populacional, para o declínio das taxas de mortalidade e para um importante aumento na longevidade.
    Partindo deste principio podemos dizer que a idade de um idoso poderá ser definida como sendo um número. Os mitos observados frente o envelhecimento dificultam a compreensão sobre a velhice e claro, sobre processos que envolvem o envelhecimento.
    Questões emocionais e mentais aumentam ao longo do ciclo da vida, sendo a depressão prevalente, daí por diante o idoso se apega a religiosidades, esta nem sempre bem vivenciadas de forma correta, comprometendo o real valor emocional.

    2. Saúde Mental no Idoso X Religiosidade
    As pessoas são únicas em seus processos físicos e psicológicos de envelhecimento, assim como são influenciadas pela sua predisposição ou resistência à doença; pelos efeitos do seu ambiente externo e dos comportamentos, de sua exposição ao trauma, infecções e doenças passadas e pela prática de saúde e doença que elas adotaram durante o seu ciclo de vida (Leventhal, 1991).
    Dentre varias mudanças normais, que acometem o processo de envelhecimento, como é o caso das mudanças biológicas como algumas observadas na pele, na respiração, no sistema cardiovascular, entre outras, atentaremos para as mudanças do sistema nervoso. Ao que se sabe o cérebro tem uma enorme reserva, é algumas funções são prejudicadas ao longo da vida.
    Segundo (Murray & Zentner, 1997) com o envelhecimento, ocorre uma absoluta perda dos neurônios o que correlaciona com a diminuição do peso do cérebro em torno de 10 por cento, por volta da idade de 90 anos. Um grosseiro exame morfológico revela atrofia geral dos lobos frontal, temporal e parietal, alargamento do sulco, e hipertrofia ventricular. Haja visto estas transformações cerebrais, fica evidenciado o percurso pelo qual a mente de um idoso passa para que se desenvolva tantas mudança em seu trajeto de vida.

    “ Kaplan, Sadock e Grebb (1994) citam que uma série de fatores de risco psicossocial predispõem o idoso a distúrbios mentais. Esses fatores incluem a perda dos papéis sociais, a perda da autonomia, as mortes dos amigos e dos parentes, o declínio da saúde, o isolamento crescente, as restrições financeiras e a diminuição do funcionamento cognitivo.”

    Os distúrbios mais observados são:
    Demência (do tipo Alzheimer, esta de curso progressivo com comprometimento cognitivo)
    Delírio (incluindo doença cerebral estrutural, redução da capacidade de regulação homeostática, comprometimento da visão e da audição, redução de resistência ao stresse agudo e também a farmacodinâmica das drogas relacionadas à idade)
    Distúrbios depressivos (doenças do afeto, esta tem sua incidência aumentada nesta população, pois são influenciadas por variáveis de doenças físicas, incapacidade funcional e perdas especiais.
    Esquizofrenia (de curso crônico, se demonstra de forma ilusória evoluindo até a idade mais senil.

    “Segundo Kaplan e Sadock (1998) a fragilidade do sistema nervoso autônomo nas pessoas idosas pode ser responsável pelo desenvolvimento da ansiedade após um grande estressor. Em razão da concorrente incapacidade física, as pessoas idosas reagem mais intensamente ao distúrbio de estresse pós-traumático quando comparados às pessoas jovens.”

    Distúrbio do sono (extremamente comuns nas pessoas idosas, algumas causas incluem a diminuição da capacidade de dormir relacionada à idade, aumento da prevalência de apnéia do sono, depressão, ansiedade, demência, dor, mobilidade física comprometida, medicamentos e alguns fatores psicossociais como solidão).
    E nesta faze que o idoso se entrega há fatores que mais lhe chamam a atenção, talvez como fuga da realidade, como uma religião por exemplo. O problema é como a religião é vivenciada por esta população. Desta forma a religiosidade acaba não sendo vivenciada da forma mais correta e sim de forma fanática, produzindo efeito inconstante entre o que se pode e o que se deve viver frente ás religiões. A fé credibilizada pelos adultos idosos conota-se de forma questionada, pois Fé não é só ter esperança, acreditar ou de alguma forma esperar que algo aconteça, mas fé é saber, é ter certeza absoluta! E talvez seja esta certeza em absoluto que faz com que seja desnorteado o pensamento de tantos, levando em consideração o envelhecimento torna-se cultuado a fragilidade emocional destes, haja visto que tantos idosos adentram instituições manicomiais de longa permanência, com diagnóstico de esquizofrenia, depressão. Após uma avaliação mais direcionada observa-se alguns sinais e sintomas, como exemplo: quadros incesantes de demonstrações reliogiosas, algumas senhoras e senhores se detém a fazer orações por horas com os joelhos já calejados sobre o chão empedrado. Em alguns momentos fico atenta, ao ouvir lhes dizer que: aguardam anciosos pela busca, pois aqui não é o local certo para que tais vivam eles citam ainda que a passagem já se encerrou, e acabam questionando em suas orações, ao Deus cultuado por eles, já em momentos que diria eu, mais angustiador e aflito, o por que da demora no resgate???. Em alguns momentos eles se debatem e acabam por se jogarem ao chão de forma brusca e choram angustiando ainda mais o momento.
    Acredito que para nós, indivíduos que contemplamos plenitude mental a fé não perdeu o seu significado, porém para aqueles que caminharam por uma estrada, que os fizeram vivenciar por tempos, religiosidades de forma fanática e estravagante, estes talvez se transformem em adultos idosos debilitados mentalmente, pelas próprias questões que a ciência explica quanto a fragilidade emocional vivenciada pelos nossos idosos atualmente.
    Em Hebreus 11:1 diz: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam." Portanto, a fé encarada pelos religiosos deverá ser vista como algo bastante concreto baseada em um firme fundamento.

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    3. Referências Bibliográficas
    Kaplan, H.I., Sadock, B.J.,&Grebb,J.A. Sinopsis da psiquiatria. 5 Edição, Guanabara Koogan Editora, 1994.
    Murray, R.B., Zentner, J.P., Promoção de estratégias para a vida através da avaliação assistência saudável. 3 Edição, Guabara Koogan Editora, 2003.
    Townsend, M. C., Enfermagem Psiquiatrica – conceitos de cuidados. 3 Edição, Guanabara Koogan Editora, 2002.

    Enfermagem Gerontologica e Geriatrica
    Prof. Dr. Vicente Paulo
    Enfermeira Leuda Rodrigues
    UCB - Mestrado em Gerontologia
    01/Novembro/2008

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