domingo, 23 de novembro de 2008

ENTENDENDO O ENVELHECIMENTO E SUAS COMPLICAÇÕES MENTAIS
Autor(a): Leuda S. Rodrigues
23 de Novembro de 2008

1. OBJETIVO DO ESTUDO
O estudo propõe que se apresentem alguns conceitos, os mais observados, abordagens teóricas biológicas e pscicossociais do envelhecimento, responsáveis pela maioria das inspirações de ações assistenciais trabalhadas na área de saúde do idoso. Ainda assim buscar as principais complicações seja de ordem física ou mental, que mais evoluem nesta fase da vida.

2. INTRODUÇÃO
O século XX se caracterizou por imensas transformações. Possivelmente a maior delas é o envelhecimento populacional. A esperança de vida cresceu, mundialmente, cerca de 30 anos neste último século. As conseqüências desta maior longevidade são dramáticas e pouco apreciadas. Toda a sociedade está sendo afetada - e continuará a sê-lo na medida em que esperamos para as próximas décadas um processo de envelhecimento ainda mais rápido refletindo a diminuição acelerada das taxas de natalidade, nos últimos anos, na maioria dos países. A equação demográfica é simples: quanto menor o número de jovens e maior o número de adultos atingindo a terceira idade, mais rápido o envelhecimento populacional (VERAS, 2003).
A expectativa que temos frente a gerontologia é de que devemos buscar artifícios que induzam o individuo, quando na velhice, evoluir de forma aceitável frente todos os desafios que a ele são propostos nesta fase. O envelhecimento faz parte de um ciclo vital da vida de todo o ser humano, portanto, não tem como fugir, por isso se faz pertinente entendermos alguns conceitos teóricos e práticos que se assemelham com o transcorrer deste processo, para que desta forma ocorra uma aceitação bem vida e não por mera obrigação. As concepções devem ser baseadas em uma continuidade da vida, visando-se assim uma melhor qualidade do bem-estar e do bem-viver.
Segundo Freitas, et. al.(2006) durante séculos, o estudo da longevidade e do envelhecimento em seres vivos foi relegado a um papel meramente acessório nas diferentes disciplinas da Biologia. Estudos da genética, bioquímica, fisiológica e ecologia abordavam superficialmente temas ligados ao envelhecimento, sem, contudo, se ocuparem da elaboração de convenções instrumentais ou de terminologias que pudessem ser usadas para facilitar a exploração dos mesmos.
Veras (2003) diz que O Brasil, país de nível intermediário de renda per capita, marcado por profundas desigualdades sociais, apresenta situações absolutamente contrastantes, com estratos sociais privilegiados exibindo padrões demográficos e comportamentais em tudo semelhantes aos existentes nos países desenvolvidos e populações carentes de recursos básicos, como habitação, saneamento e alimentação adequada. Do ponto de vista demográfico, não resta dúvida de que existe uma superposição em nosso país de uma população jovem de dimensão muito relevante, com uma população envelhecida igualmente expressiva, na verdade, o Brasil atual trata-se de um "país jovem de cabelos brancos".

2.1 Alguns Conceitos sobre o envelhecimento
Processo inelutável caracterizado por um conjunto complexo de fatores fisiológicos, psicológicos e sociais específicos de cada indivíduo. Assim, certos idosos estão mais envelhecidos, outros parecem mais jovens e há ainda os que se sentem não ter qualquer utilidade, afirmando a complexa heterogeneidade da velhice (Berger, 1996).
Para Papaleo (1996), o envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, com modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptações do individuo ao meio ambiente ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo a morte.
Um conceito bastante utilizado pro pesquisadores brasileiros para envelhecimento é que este ocorre devido mudançsa morfofuncionais ao longo da vida, que ocorrem após a maturação sexual e que, progressivamente, comprometem a capacidade de resposta dos indivíduos ao estresse ambiental e à manutenção da homeostasia (Mercadante, 1996).
Sob a óptica do Estatuto do idoso , Lei numero 10.741, de primeiro de outubro de 2003, o envelhecimento deverá ser visto por intermédio de um critério cronológico, em que diz que o limite de idade entre o indivíduo adulto e o idoso é de 60 anos, porém, em alguns aspectos, principalmente relacionados, como as gratuidades em cinemas, transportes entre outros, é de 65 anos.
O envelhecimento não deve ser considerado como sendo só a soma de patologias agregadas e de danos induzidos por doenças. Inversamente, nem todas as mudanças em estrutura e função dependentes da idade podem ser consideradas alterações fundamentalmente ligadas à idade por si só.
2.2 Teorias sobre o envelhecimento

Teoria imunológica esta considerada como sendo a transformação imunológica resultantes do envelhecimento resultariam na formação de anticorpos que atacariam as células sãs do organismo. Portanto, o sistema imunológico não conseguiria distinguir as células sãs existentes no organismo das substâncias estranhas.
Teoria do uso e desgaste aqui se trabalha com a visão de que o organismo humano comporta-se como uma máquina, cujas partes deterioram-se com o uso. Esse desgaste provocaria anomalias que param seus mecanismos.
Teoria dos radicais livres aqui se postulam a falência progressiva das células com funções integradoras entre o organismo e o sistema nervoso, levando ao colapso da homeostasia corporal, à senecência e à morte. Para os pesquisadores, a longevidade seria regulada por um relógio biológico que agiria sobre as glândulas endócrinas, sobretudo na hipófise, a fim de prover falhas nos sistemas imunológicos e circulatórios. Os relógios hipofisários ou celulares desencadeiam processos humanos como crescimento, puberdade, menopausa e envelhecimento.
Teoria psicológica desta vez trabalha-se com uma gama de especialidades desde a própria psicologia, antropologia, sociologia até outros profissionais que visam instituir de forma globalizada respostas ao fenômeno do envelhecimento. Esta dividem-se em três abordagens, conforme o paradigmas que propõem: a mudança ordenada, a contextualidade e a dialética, Camacho (2001). Uma das maiores contribuições dessa teoria é a multideterminação do desenvolvimento, que permite a formação de perfis vitais diferenciados e faz com que as pessoas sejam diferentes entre si; portanto o desenvolvimento não se traduz em mudanças unidirecionais e acumulativas, mas em mudanças multilineares e descontínuas.
Teoria sociologias estas classificadas de acordo com as gerações, para que seja possível conhecer suas origens intelectuais e a contribuição das teorias anteriores para a formulação de novas explicações. Souza (1999) diz que esta evolução em gerações contribui para o reconhecimento de que os idosos não são atores passivos do processo, e sim criam significados para o próprio envelhecimento, e a estrutura social também é reciprocamente afetada por esses significados.

2.3 Complicações frente o Envelhecimento
Definir a categoria velhice não é tarefa muito fácil, porque envolve muitas variáveis: biológicas, cronológicas, psicológicas, existencial, cultural, social, econômica, familiar e política. No entanto, o envelhecimento é definido como um fenômeno biológico e psicológico que influencia o meio familiar e social e caracteriza-se pela perda gradual das funções orgânicas (Oliveiras, 2004).
A condição em que o idoso retém sua capacidade intelectual e física em níveis aceitáveis é chamada de senescência, e quando aparecem sinais de degeneração muito intensos, ocorre o envelhecimento patológico, chamado senilidade.
Segundo (2006) a Saúde Mental do idoso pode ser entendida como o equilíbrio psíquico que resulta da interação da pessoa com a realidade. Esta realidade é o meio circundante que permite à pessoa desenvolver suas potencialidades humanas; normalmente, essas potencialidades estão estreitamente associadas à satisfação de suas necessidades. Faz-se importante considerarmos três aspectos concretos: estado mental, percepção do envelhecimento e autonomia funcional.
Problemas mentais mais comuns nesta fase da vida:
1. Depressão caracterizada por tristeza, baixa da auto-estima, perssimismo, desesperança, retraimento e idéias de suicídio. O comportamento depressivo é considerado uma resposta inadaptada a alguma perda. Ela se divide em Depressão reativa, Depressão secundária e Depressão endógena.
2. Ansiedade aqui temos o transtorno da ansiedade generalizada, contribuindo para o estado de sono e prejuízo cognitivo. Este tem sido foco de investigação no mundo, uma vez que reduzem a qualidade de vida da pessoa idosa. A ansiedade pode ser considerada um transtorno multidimensional.
3. Psicose esta e menos comum, mas ocasionalmente o idoso desenvolve características psicóticas, como delírios, alucinações ou distúrbios de dissociação da realidade.
4. Demência implica sempre em um comprometimento significativo e irreversível na qualidade de vida da pessoa. Portanto, se a dem6encia foi diagnosticada, o prognóstico é sempre reservado. Porém, não é raro encontrar quadros similares à demência em idosos hospitalizados que, se apropriadamente tratados, restabelecem a saúde cognitiva.
5. Perda memória após os 60 anos, as dificuldades de memória e/ou cognitivas podem ser tão proeminente que chegam a levantar suspeitas de um quadro demencial, o qual passou a ser chamado de pseudodemência . Vários fatores contribuem para a perda da memória no idoso: estresse, depressão, crise, sentimentos de inutilidade, perdas de interesse pelos afazeres da vida diária, perdas da células neurais, isolamento social (Torres, 2001).
6. Confusão mental é o conjunto de características que defini desatenção, verbalizações impróprias, déficits de memória, comportamento inadequado e fracasso na execução das atividades da vida diárias. Segundo Figueiredo (2006) muitas vez o idoso é isolado do meio social e do contato com outras pessoas, tem pouco acesso à leitura e aos meios de comunicação, o que pode contribuir para a falta de orientação autopsíquica (com relação aos dados sobre ele: quantos anos tem, onde mora, dia do aniversário etc.) e alopsíquica ( que dia é hoje, onde está, em que ano, mês etc). A confusão mental pode ser causada por fatores sociais, fisiológicos e patológicos.
7. Isolamento social por medo de sofrer perdas faz com que o idoso inicie um processo de isolamento; ele opta por ficar sozinho, com medo de se envolver emocionalmente e acabara por vivenciar mais uma situação de perda.
8. Risco de violência contra si próprio comum nesta fase da vida, neste momento o suicido é comum, pessoas de terceira idade constituem um grupo considerado de grande fragilidade social e, por isso, de alto risco para o suicídio. Na maioria das vezes, as pessoas tentam o suicídio por que se sentem só e abandonadas pelos familiares e amigos.
9. Autonomia funcional (mobilidade, AVD) são dois importantes fatores para se adquirir autonomia, porém nesta fase da vida tendem a estarem comprometidas, e é justamente aí que inicia o processo social debilitado, pois as funções estão restringidas, até mesmo palas poucas condições oferecidas e também executadas pelo idoso. As perdas motoras devem ser adaptadas frente às atividades diárias proposta a eles, desta forma trabalha-se a autonomia individualizada, limitando-se a resposta observada por cada um.

3. Tratando as complicações com o Apego Religioso observado nos idosos
Para os idosos, o sentido da vida está no sagrado, por isso dele se aproximam e se abrem para recebê-lo. Diante do sagrado se sentem fortes, amados, protegidos e filhos de Deus e nas relações com a comunidade são mansos, pacíficos e festivos. Tais sentidos propiciam a organização interna necessária para que se posicionarem no mundo. Sua religiosidade é vivida paradoxalmente, pois é na relação com o sagrado que sentem fortes na fraqueza, alegres apesar da dor, sábios na ignorância e ricos na pobreza.
Buscam fundamentar e organizar a vida com os sentimentos e afetos gerados, no convívio com o sagrado. Há na religiosidade desses idosos uma atitude de abertura ao mistério, ao invisível e transcendente que é importante para ser considerada na visada do psicoterapeuta, na sua lida com essa população. Existe uma importância frente o discurso religioso dos idosos, uma vez que ele revela os diversos estilos culturais e pessoais da psique, oferecendo pistas para decifrar os enigmas humanos e para compreender a sua dimensão mais profunda, ou seja, o seu núcleo mais íntimo e existencial.
“Quando a religiosidade se torna um Problema”
A religiosidade é muito tida como fator pelo qual o idoso tenta se apegar a algo que apesar não ver, mas tem o sentimento de alto sentido, provado pela sensação de sentir a presença constante de um Deus que os ampara independente das crenças. O problema se dá quando esta religiosidade interfere na boa atuação mental deste idoso, pois alguns se fragilizam a tal ponto, que absorvem de maneira errônea o significado da religiosidade em suas vidas. Eles fazem da religião um fanatismo que os propiciam uma ligação confusa entre o seu meio interno e o meio externo. Alguns tendem a se fragilizar ainda mais com o passar do tempo conseqüentemente traduzem em suas faces e atitudes reações penosas e questionáveis.
4. Considerações finais
Finalmente estar nesta fase da vida é uma realidade social imutável e que pode ter algumas representações, às vezes difíceis de resolver por causa da família, de preconceitos sobre os idosos e de marginalização. Ainda se observa muitas contradições sobre o que se sabe sobre o envelhecimento e suas complicações.
Aqueles que cuidam de idosos ou t6em em casa devem esforçar-se para despertar sua consci6encia interior para essa realidade. Uma consciência que aceite o real e não fique só a imaginar, criando conceitos teóricos sobre o que é ser idoso sem senti-lo na própria pele.
Deve-se considerar o conhecimento e a experiência do próprio idoso sobre o envelhecimento. Não se pode acreditar num entendimento fabricado por ideologias dominantes, nem por fantasias acerca da realidade, do ideológico. Não se pode inventar, é necessário saber o sentido de envelhecer para cada pessoa, de modo que os profissionais de saúde e os familiares ajudem e cuidem do idoso sob um contexto real e não ilusitório, disfarçado por paradigmas inexistênciais.
O idosos depositam na religião suas esperanças. A afetividade se manifesta de maneira muito intensa em relação à religiosidade. Isso pôde ser observado tanto no aspecto dos sentimentos, quando o idoso fala de sua fé, de como agradece a Deus pela sua vida e como Deus é bom, quanto no aspecto das emoções, quando sorriem, quando se acomodam melhor na cama para tratar sobre o assunto, quando gesticulam de maneira mais expansiva.
Uma abordagem positiva da religiosidade pelos profissionais e pelas pessoas que se relacionam com o idoso poderá auxiliar na recuperação de sua saúde, oferecer melhores condições de saúde e de bem estar tanto ao idoso quanto aos que estão envelhecendo. O processo de cura deverá ocorrer de forma humanizada, desta forma refleti-se o consentimentos de reações positivamente aceitas. Finalizando Sayeg (2003) afirma que “o modo como o indivíduo vive e as relações que estabelece, determina, junto com outros fatores, a forma como se desenvolve o processo de envelhecimento”.
Referências Bibliográficas
CAMACHO, A.C.F. O cuidado de enfermagem ao cliente idoso hospitalizado: um estudo exploratório das representações dos profissionais de enfermagem. 232 p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio
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FIGUEIREDO, N.M.A. GERONTOLOGIA atuação da Enfermagem no Processo de Envelhecimento. Yendes Editora, Rio de Janeiro, 2006.
SANTOS, S.M.A. A construção do cuidado familiar de pessoas com dem6encia: um estudo em famílias japonesas e brasileiras. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação Unicamp, Campinas, 2003.
SAYEG, M.A. Envelhecimento bem-sucedido e o auto-cuidado: algumas reflexões Rio de Janeiro: Científica Nacional, 2003.
SOUZA, G.G. O olhar do idoso para si e para a consulta de enfermagem: perspectivas de abordagem a partir de suas representações. 86fl. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade federal do estado do rio de janeiro (UNIRIO), Rio de Janeiro, 1999.
MERCADANTE, E. Aspectos antropológicos do envelhecimento. In PAPALÉO NETTO, M. GERONTOLOGIA. São Paulo: Atheneu, p.73-76, 1996.
VERAS, M.R. Fatos da Terceira Idade. Medis; 98p. Rio de Janeiro; 2003.

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